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domingo, 22 de julho de 2012

COMO ANIMAIS SELVAGENS!

-SERVAMARA-



Quando eu tinha mais ou menos doze anos, meu tio que morava em São Paulo, comprou uma fazenda em Vitória da Conquista, na Bahia, e chamou meu pai e nossa família para passar uns dias com ele; foram momentos inesquecíveis, maravilhosos; a fazenda era muito extensa, eu e minhas irmãs, e primos, a cada dia nos aventuravamos em conhecê-la melhor; nos sentíamos tão felizes, livres, com nossas brincadeiras, perípécias...até que eu estraguei tudo!

Como você estragou? Me conta, irmã, como estragou tudo?

Eu vou te contar nos mínimos detalhes...um dia resolvemos andar de cavalo, meus primos já tinham experiência, mas eu e minhas irmãs não tínhamos; e eu pedi a um rapaz que cuidava dos cavalos, que ele me arranjasse um cavalo, bem dócil, fácil de lidar, pequeno; mas ele não atendeu aos meus apelos, na hora, nem percebi que ele me deu justamente o cavalo maior, mais selvagem, bravo e veloz da fazenda; mesmo ele sabendo da minha inexperiência, e da minha pouca idade.

Mas voltando ao assunto, lá fomos nós...cavalgando, nos divertindo, conhecendo outros lugares que não conhecíamos ainda; e esse rapaz nos guiando, orientando...chegou um momento, não sei  o por quê? Ele resolveu atiçar com uma vara, justamente o cavalo que eu estava, apesar de eu dizer para ele, que não precisava, que o cavalo já estava veloz, e por mais que eu dissesse que ele não fizesse isso, mas ele atiçava o cavalo, talvez para presenciar o  meu medo, a minha aflição, e até se divertir comigo; hoje percebo que ele deveria ter sido influenciado pelo maligno, justamente para roubar a minha alegria, a minha paz!

E aconteceu o que eu mais temia...o cavalo disparou, eu não consegui controlá-lo com a rédea, a partir daí, não me lembro mais, porque desmaiei, apaguei...depois minha irmã mais velha me  contou o que aconteceu, que ela veio a  minha procura,  e eu acabei caindo na frente do seu cavalo, e ele passou em cima da minha mão, pois ela não conseguiu contê-lo...fiquei algum tempo desacordada, minha irmã, e meus primos ficaram preocupados comigo, e ficaram com receio de contar a notícia para meus pais, e meus tios; pois temiam que a partir desse ocorrido, estragasse todos aqueles dias tão prazeirosos na fazenda.

Esse  rapaz ainda tentou me ajudar, colocando mastruz amassada na minha mão que estava ferida; mas não teve jeito, começou a doer muito o local, e tivemos de contar a verdade aos nossos pais; e acabou realmente o nosso passeio, por minha causa, tivemos que voltar com urgência para minha cidade, Salvador; e chegando lá,  tive que amargar por vários dias, dores,  a mão imobilizada, pois tive rompimento de ligamentos, e o pior até suspeita de têtano, porque minha mão ficou muito ferida, inchada, contaminada pela terra; e os médicos falavam até na possibilidade de fazer enxerto de pele, para tirar aquela pele necrosada do local.

Mas graça ao Senhor, isso não ocorreu...e fui melhorando, melhorando, e não fiquei com nenhuma sequela, apesar da gravidade do ocorrido; com certeza, desde aquela época, a mão do Senhor pairava sobre mim, sobre a minha vida!

Na verdade eu quis compartilhar com vocês esses momentos que eu vivi no passado, para abordar sobre  um assunto, quando os nossos desejos são tão incontroláveis, que se assemelham a animais selvagens; igual a esse cavalo que eu estava montada, e que saiu em disparada...

Queremos sentir..sentir...satisfazer os nossos desejos; assim como eu satisfiz o meu desejo de andar de cavalo; mesmo sem ter experiência, sem ter sido treinada para isso, sem saber a procedência daquele cavalo, sem ter comunicado aos meus pais, e tios, o meu desejo de andar de cavalo; e como consequência disso tive que amargurar muito dor, e fora quase perder a minha mão!

Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte. Pv 14:12


E o pior disso tudo, queremos satisfazer nossos desejos, sem consultar ao Senhor, se os nossos desejos são os desejos dEle ao nosso respeito, a nossa vida; e quando não são, Ele rápidamente tem que agir, e nos açoitar, punir, nem que seja para nós cairmos do cavalo, dos animais selvagens dos nossos desejos, dos apelos da nossa carne corrupta, que só quer sentir, sentir...e jamais saciar!

Por favor, a cada dia, traga cativo os seus pensamentos, os seus desejos, e os entregue na mão Daquele que nos agracia com uma calma, uma brisa suave de Sua presença junto a nós; saciando todos os nossos anseios, e nos dando a verdadeira paz!

Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize. Jo 14:27


A Paz que nos livra das inquietações, temores, permitindo assim que o Espírito Santo nos toque, lapide, transforme em glória, glória...e no tempo determinado por Ele, romperemos a casca e  livres, voaremos!

Quero compartilhar com vocês algo  muito interessante que C. S. Lewis escreveu; espero que apreciem e meditem!

"O problema real da vida cristã aparece onde as pessoas normalmente não o procuram. Ele aparece no instante em que você acorda de manhã. Todos os desejos e esperanças para o dia correm para você como animais selvagens. E a primeira tarefa de cada manhã é empurrá-los para trás; em dar ouvidos a outra voz, tornando aquele outro ponto de vista, deixando aquela outra vida mais ampla, mais forte e mais calma entrar como uma brisa. E assim por diante, todos os dias.

Mantendo distância de todos as inquietações e de todos os aborrecimentos naturais, protegendo-se do vento.

No começo, nós somos capazes de fazê-lo somente por alguns momentos. Mas então o novo tipo de vida estará se propagando por todo o nosso ser, porque então deixamos Cristo trabalhar em nós no lugar certo. Trata-se da diferença, que está simplesmente deitada sobre a superfície, e uma mancha que penetra-na. Quando Cristo disse "sede perfeitos", quis dizer isso mesmo. Ele quis dizer que temos que entrar no tratamento completo. Pode ser duro para um ovo se transformar num pássaro; seria uma visão deveras divertida, e muito mais difícil, tentar voar enquanto ainda é um ovo.

Hoje nós somos como ovos. Mas você não pode se contentar em ser um ovo comum, ainda que decente. Ou sua casca se rompe ou você apodrecerá. ( Fonte: Do Livro: Cristianismo Puro e Simples)



















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