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sábado, 14 de março de 2009

DEUS EXISTE???

Para alguns estudiosos da Bíblia das diferentes confissões de fé cristãs, esta pergunta é típica do "curioso", não do "crente". Este, nem pergunta nem afirma que Deus existe. O filho de Deus, por "saber" quem é seu Deus, responderia: ''Não, Deus não existe". E complementaria: "O que existe é a: Baía de Todos os Santos, o Elevador Lacerda, a Via Láctea, o Dique do Tororó etc. E porque responderia assim? Por saber que Deus não é objeto de especulação de ninguém, nem da ciência. Deus não é "algo" ou "alguma coisa" que possa fazer parte do nosso acervo de conhecimentos; não é mais um objeto de nossa coleção de preciosidades atípicas; não é o "chaveirinho especial": o mais rico, o mais bonito, o mais raro e, por isso mesmo, o mais caro.

Dizer que Deus está no mundo é limitá-Io a este espaço. Ora, Deus é o ilimitado que não cabe em espaço algum, o correto é afirmar que o mundo está em Deus. Deus não está no saber do ser humano, este saber é que está em Deus. Responder afirmativamente a alguém dizendo que Deus existe é iludi-Io, dando-lhe a falsa impressão de ter acrescentado ao seu saber um item de extrema importância ou o item de maior valor. O preço da ilusão é a ilusão e quanto mais se pretender ser ela verdadeira mais ilusória será.


Por ser verdadeiro, Deus não pode ser catalogado como uma "coisa existente" que é propriedade do ser humano. É muita pretensão pensar que Deus pode ser somado a outras realidades que possuímos. E por que Deus não pode ser objeto da especulação científica? Porque Ele é a CAUSA de que há coisas das quais temos necessidade de saber e conhecer. Sem Ele NADA existiria; sem Ele nada saberíamos. O SABER só é possível porque Deus É! Emil Brunner diz que só é possível perguntar por Deus, porque ele já é o autor secreto da pergunta. A busca aflita e necessitada por Deus é reflexo da consciência de que Ele vive. Seria impossível buscá-Lo desse jeito sem saber alguma coisa dele. Buscá-Lo como se sai de dentro d'água querendo o ar para respirar é querer que haja Deus, caso contrário tudo não passa de um grande absurdo. A vida não seria uma louvação da Graça mas uma desgraçada tragédia.


Quando se pergunta por Deus dessa forma, é porque no mais íntimo da pessoa já existe uma consciência nítida do mal e do bem; do certo e do errado. Tem-se certeza de que Deus É, porque se sabe que o bem e o mal não são iguais. Todavia, pode ser que, diante das injustiças que fazem parte da aventura de vida do ser humano, a pessoa duvide de que haja um Deus justo e soberano. Essa dúvida, por incrível que pareça não revela descrença nEle. Há Deus porque a justiça está com a razão e não a injustiça. A pessoa em seu íntimo protesta contra a injustiça porque conhece a Deus. Quando a pessoa pergunta por Deus, Ele já está à sua retaguarda, diz Brunner, fazendo com que ela faça essa pergunta.


Quando o salmista diz "Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra de suas mãos", está afirmando que a natureza também nos dá sinais precisos da presença de Deus. Além das belezas da criação há também a ordem do Criador. Será que o acaso cria ordem? Dele pode vir algo lógico? Só muita prepotência e pouca sensibilidade para não ver ou sentir Seu poder criador tão além da ordinária criatividade humana. Como é possível alguém depositar sua confiança no acaso conhecendo o que é a incrível complexidade do olho, a ordem das enchentes e vazantes das marés, um jardim florido em plena primavera ? Quando vemos uma casa construída deduzimos que pessoas carregaram tijolos, areia, pedras, cimento e foram ordenando esses elementos até torná-la habitável. Ora, milhões de vezes mais complicada e artística, como diz Brunner, é a retina do olho e ignorar ou minimizar essa realidade é contrariar a própria racionalidade.
Perguntar pela existência de Deus é também doença psicológica, pois a pergunta revela mais insanidade do que saúde emocional. Reflete a atitude de alguém que "não pode ver mais as coisas na sua sobriedade, simplicidade e clareza."


Essa doença nos alcançou do Iluminismo prá cá ou quem sabe, um pouquinho antes. Até esse período, a pergunta que os seres humanos faziam era: "Como é Deus ?" A partir da Idade da Razão a pergunta mudou, a loucura da ciência criou essa questão irracional: "Deus existe ?"Passamos a crer que tudo deveria ser explicado pela razão e, aquilo que ela não conseguisse responder, o responsável seria o acaso. Passamos a nos perceber como os únicos capacitados a criar e a ordenar as coisas mas não refletimos que isso só é possível porque temos um cérebro excepcional e mãos dotadas de habilidade artística que não foram criados por nós. Por isso a pergunta "Deus Existe?" não é séria nem pode ser levada à sério. Será que não é suficiente perceber que bem e mal, justiça e injustiça são coisas tão extremamente diversas ? E que deve-se fazer o que é bom e justo evitando o que é mal e injusto? Queindependentemente da nossa vontade há uma ordem sagrada? E que essa ordem que aponta o bom, o belo, o justo, o reto, indica Alguém superior? Que negar essa realidade é nivelar bons e maus, justos e injustos, pios e ímpios, santos e crápulas?


Todavia, se há ALguém a quem chamamos Deus, por que existe a necessidade de perguntar por Ele? Apesar de sabermos da Sua presença, nossas percepções são cheias de limitações. Sentimento,consciência e razão não nos dão a certeza que gostaríamos de ter e, apesar de percebermos a grandiosidade dos oceanos, do firmamento, das florestas, dos micro-organismos que nos dizem da presença de Deus, essas realidades não podem nos explicar quem é Ele. É Ele próprio quem toma iniciativa de se auto-revelar e faz isso através da Sua Palavra viva e eficaz, a Bíblia Sagrada.


Uma dificuldade que experimentamos, é quando tomamos nas mãos este livro sagrado e lemos em Hebreus 11:6, em todas as traduções que temos em nossa língua, mesmo nas melhores, e mais recentes, que "sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima dEle creia que Ele exista e que é galardoador dos que o buscam."


E então? Como resolver esta questão? Temos aqui, não um problema teológico, mas um problema de tradução. O verbo no original não é existir mas ser. A melhor tradução, portanto, seria: ... "porque é necessário que aqueles que se aproxima dEle creia que Ele é, e que é galardoador dos que o buscam". Na tradução clássica da língua inglesa está assim: That He is --> > "que Ele é."


A Bíblia procura nos revelar que há um Deus que tem um propósito e uma vontade para cada ser humano. Quando ele ousa defini-Lo, afirma que é Amor[agápe].


Embora a definição limite sempre o objeto definido, é interessante conhecer uma definição clássica de Deus feita por um teólogo batista do sul dos Estados Unidos, E. Y. Mullins: "Deus é a fonte, o sustentáculo e a finalidade do universo; é quem dirige conforme seu sábio, reto e amorável propósito revelado em Jesus Cristo; quem habita todas as coisas pelo Espírito Santo, para transformá-las de acordo com a a vontade e encaminhá-las para o alvo do seu reino."

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