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terça-feira, 13 de março de 2012

A ARTE DE SER FELIZ



A ARTE DE SER FELIZ

Cecília Meireles


Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chalé.


Na porta do chalé brilhava um grande ovo de louça azul.


Neste ovo costumava pousar um pombo branco.


Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar.


Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa e sentia-me completamente feliz.


Houve um tempo em que a minha janela dava para um canal.


No canal oscilava um barco.


Um barco carregado de flores.


Para onde iam aquelas flores?


Quem as comprava?


Em que jarra… em que sala, diante de quem brilhavam, na sua breve experiência?


E que mãos as tinham criado?


E que pessoas iam sorrir de alegres ao recebê-las?


Eu não era mais criança, porém minha alma ficava completamente feliz.


Houve um tempo em que a minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava sua copa redonda.


À sombra da árvore, numa esteira, passava quase o dia todo sentada uma mulher, cercada de crianças.


E contava histórias.


Eu não podia ouvir, da altura da janela, e mesmo que a ouvisse, não entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil.


Mas as crianças tinham tal expressão no rosto, e às vezes faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu participava do auditório, imaginava os assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz.


Houve um tempo em que na minha janela havia um pequeno jardim seco.


Era um tempo de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto.


Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde e em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.


Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.


E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.


Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas e outros finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.



-SERVAMARA-



Irmãos, irmãs...espero que apreciem essa linda poesia de Cecília Meireles;


Na nossa vida, temos várias janelas para nos debruçarmos, e contemplarmos diversas paisagens, inúmeros matizes...mas todas elas, apenas, refletem a pureza, a beleza e A LUZ dos nossos olhos!


O Senhor Jesus nos exorta nas Suas palavras, como observarmos das nossas janelas!


A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso.


Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas! Mateus 6:22-23


E sucedeu que, chegando a arca da aliança do SENHOR à cidade de Davi, Mical, a filha de Saul, olhou de uma janela, e, vendo a Davi dançar e tocar, o desprezou no seu coração. 1 Crônicas 15:29














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